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Entrevista |
São Paulo, 27 de agosto de 2015 |
ENTREVISTA - José Raimundo da Silva garante: "dependemos de luta, para obtenção da vitória" |
Unido ao Sindicato de São Vicente, José Raimundo da Silva luta favorecendo o funcionalismo há mais de 28 anos |
O funcionalismo enfrentou diversas mudanças com o passar das décadas e muitos dos nossos dirigentes atuaram como agentes principais em toda sua transformação. Nosso entrevistado da semana, José Raimundo da Silva, conhecido como Shell, contou sua trajetória de inúmeras batalhas no funcionalismo e sua vasta experiência no âmbito sindical.
Na luta contra prefeitura e até contra outras administrações do Sindicato há mais de 28 anos, o dirigente acredita que ficou ainda mais forte com os desafios encontrados. Hoje Shell faz parte da administração do Sindicato dos Servidores de São Vicente (Sindservsv), atuando não só com a comunicação de base, mas também com a comunicação com a imprensa e com poder legislativo, além de acompanhar de perto o orçamento da receita municipal.
Confira a entrevista na íntegra!
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Especialista em administração e esportes, Shell acompanha finanças, legislação e ainda busca melhorar a qualidade de vida dos servidores locais
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1) Como se tornou funcionário público?
Eu sou formado em Administração e Educação Física e em 1987 entrei para o funcionalismo para dar aulas nas escolas de São Vicente. Na época não se entrava para o funcionalismo com a necessidade de um concurso e tudo era muito incerto. Não tínhamos estabilidade e a maioria dos funcionários eram selecionados na base do favoritismo político, o que não motivava ninguém a lutar por nada. Em 1988, diante das mudanças na categoria, começamos a nos reunir e a articular maneiras de melhorar nossas condições trabalhistas.
2) Como iniciou carreira no âmbito Sindical?
Em 1989 nós iniciamos os trabalhos como Sindicato Provisório e atuamos na sua administração. Enfrentamos inúmeros problemas, principalmente com meus colegas educadores que preferiam que fosse criado um Sindicato diferenciado para a classe. Não aceitamos a tese e, reunindo todas as categorias, conseguimos dar início a uma série de negociações de benfeitorias para os servidores em um contexto geral. Nossa equipe era formada por representantes de todos os seguimentos e conseguimos dar início a um trabalho mais justo.
3) Permaneceram no poder por muito tempo?
Na verdade não. Como o serviço público estava sofrendo inúmeras mudanças, nosso Sindicato não passou por elas sem ser atingido. Após um ano e meio na administração da entidade, participamos de uma eleição e perdemos a liderança – o que para mim não fez muita diferença, já que permaneci militante e atuante junto aos companheiros. Até que perdi a estabilidade em 1991. Fui demitido e tive que percorrer outros caminhos. Prestei concurso público em 1992, passei e logo retomei minhas atividades no ensino.
4) Como fez para voltar ao comando da entidade?
Quando voltei a trabalhar no funcionalismo permaneci na militância, porém, encontrei uma diretoria Sindical que ao invés de defender os direitos dos Servidores, utilizava seu tempo para justificar as injustiças cometidas pela gestão da prefeitura. Achei isso um absurdo e passei a lutar contra o gestor e contra os que deveriam nos defender da má gestão. Nós precisávamos de um representante e não o prefeito, que já tinha sua equipe. Formamos então uma nova chapa que concorreu com outras três em 1996 e venceu. |
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Atento aos desafios enfrentados pelos companheiros de outros municípios, Shell toma para si as lutas da classe |
5) O que gerou a vitória e o que os diferenciava das outras chapas?
A diferença entre a nossa chapa e as outras era a nossa consolidação administrativa e o reforço de nossa identidade. Os Servidores conseguiram se identificar de cara com nossos projetos, que na época estavam muito bem apresentados e fortificados. Nossa administração era consistente e transparente o que garantiu a confiança de todos, que se aliaram a nossa causa. Nós, até hoje, não tomamos nenhuma decisão sem que todos concordem em assembleia. Essa transparência, com certeza, faz toda a diferença.
6) O que conquistaram, após tomarem posse?
Nós fizemos jus à confiança em nós depositada. Demos outra cara para a entidade e apresentando uma gestão que se interessava pelas necessidades e opiniões dos servidores, conseguimos triplicar nosso número de associados e aumentar nosso orçamento. Isso refletiu diretamente no aumento de serviços prestados e na obtenção de uma sede própria que facilitou o atendimento de todos.
7) Que mudanças positivas considera mais significativas?
Sem dúvidas o Plano de Cargos, Carreiras e Salários é o principal ganho para o funcionalismo. Hoje em dia é possível progredir e garantir a valorização profissional dos Servidores. Também acredito que o poder de negociação direta com os gestores municipais amplia nosso poder de barganha e as possibilidades de melhorar a vida de todos os que trabalham beneficiando o coletivo. |
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Membro da Federação, Silva reconhece a importância da união entre sindicalistas e participa de todas as ações |
8) Como é a relação com a prefeitura da cidade?
Não passamos um ano sem realizar ao menos uma reunião produtiva com a administração local. Progredimos, e muito, em nossas condições trabalhistas, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Temos interesses claramente diferenciados e temos de ser persistentes. Para piorar, nosso prefeito é um gestor muito despreparado que não está conseguindo comandar e direcionar as finanças da maneira correta. Essa instabilidade acaba gerando vários conflitos.
9) Quais são os principais desafios encontrados?
A atual gestão da prefeitura se atrapalha quando o assunto é o pagamento dos Servidores. Isso resultou em uma greve de nove dias no início do ano. Decidimos encerrá-la depois que o prefeito apresentou as finanças municipais totalmente desastrosas. Porém, encerramos essa paralisação com a garantia de benefícios. Até que em julho ele simplesmente deixou de cumprir o acordo e tivemos de parar novamente por seis dias. Negociamos e voltamos, mas essa falta de comprometimento da gestão causa verdadeiro desgaste em toda a categoria.
10) Quais benefícios oferecidos aos sócios?
Além da assistência jurídica, do tratamento médico e odontológico, estamos voltados para a qualidade de vida dos nossos Servidores. Oferecemos: ginástica funcional na praia, copa futsal, aulas de zumba, dança de salão, yoga e muay thai. Também dispomos de aulas de computação, idiomas e violão, além de colônia de férias, salão de festas e de transporte aos associados com dificuldade de locomoção para consultas médicas. Temos muitos benefícios e pretendemos ampliar essa lista.
Depoimento
Costumo dizer aos Servidores que sempre dependemos de luta, para obtenção da vitória. Todos somos instrumentos de mudança. O Servidor não precisa ser sócio do Sindicato, mas é fundamental que ele esteja sempre junto à entidade, participando e garantindo que ela realmente represente suas necessidades e seus direitos. Somos as munições para vencer esta guerra e temos de nos manter firmes, atentos e preparados para lutar. Contamos com a ajuda de todos e temos vencido – vamos vencer cada vez mais!
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Ciente de que ainda há muito o que fazer, Shell busca aprimoramento em cursos promovidos pela Fesspmesp |
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