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Entrevista |
São Paulo, 29 de setembro de 2015 |
ENTREVISTA - Regina Leite, de Martinópolis,
se destaca com trabalho sério e amor pelo que faz |
| Maria Regina Leite ao lado do dirigente Cláudio Aparecido dos Santos com jornal feito pelo setor de comunicação |
Nossa Federação tem conquistado inúmeros ganhos para a categoria. Porém, os resultados de sucesso dão-se devido ao preparo dos nossos dirigentes que se mantêm unidos e dispostos a enfrentar qualquer desafio que possa surgir.
Em nossa equipe contamos com perseverantes sindicalistas que por não esquecerem suas raízes no serviço público defendem os Servidores com unhas e dentes, muitas vezes, deixando até de priorizar anseios pessoais.
ENTREVISTA - A entrevistada da semana é Maria Regina Leite, que apesar de ter dois filhos adolescentes, consegue conciliar a presidência do Sindicato dos Funcionários e Servidores de Martinópolis, as visitas de base na região, as negociações com a Prefeitura, seu trabalho como secretária da Federação e o funcionamento da Macro 3, com as atividades familiares corriqueiras.
Acompanhe na íntegra nosso bate-papo com a dirigente!
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Maria Regina contou com a Federação e seus membros para solucionar crise em Martinópolis
e logo negociou sua filiação à nossa entidade |
1) Conte-nos como ingressou sua carreira no serviço público.
Eu me formei Professora e, em 2004, passei a lecionar para o ensino fundamental. Como desde o princípio notava as necessidades dos Professores e possíveis melhorias que a Prefeitura podia fazer pelo nosso trabalho, passei a me organizar com outros colegas em uma associação onde debatíamos os problemas e nos organizávamos para cobrar atitudes da Administração.
2) E como passou a vivenciar a carreira sindical?
Nós transformamos essa associação em uma entidade sindical em 2005. Queríamos lutar para melhorar as condições de trabalho da nossa classe e do funcionalismo em geral. Eu entrei para representar a Educação, mas não limitei minhas atividades somente a isso. Entrei como secretária e me aprofundei no funcionamento de todas as áreas da entidade. Até que me desliguei do trabalho nas escolas e passei a atuar somente no Sindicato, em 2011. Como assumi diversas funções incluindo as de um presidente afastado, a diretoria decidiu me lançar como presidente em 2009 e estou aqui desde então.
3) Como estava a entidade quando assumiu?
Nós passávamos por uma crise das graves, uma vez que o prefeito não nos reconhecia como representantes legítimos da categoria e ainda coagia aos Servidores que decidissem se filiar a nós. Tínhamos uma carteira reduzida e todos temiam retaliações dos administradores. Foi uma época difícil, mas aos poucos conseguimos demonstrar nossa seriedade e conquistar a confiança dos trabalhadores. Assim foram surgindo novos associados e fomos ficando mais fortes. |
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| Apaixonada pelo que faz, Regina Leite se divide entre as atividades do seu Sindicato e as ações da Federação |
4) Quais eram as condições de trabalho dos Servidores?
Nós encontramos um quadro de extremo caos para o funcionalismo. Tínhamos um prefeito ditador que quando percebeu sua receita mal administrada e já sem recursos, decidiu cortar benefícios, como hora extra, de todos os trabalhadores que se filiassem ao Sindicato. Era uma condição absurda e uma perseguição escancarada.
5) Como conseguiram resolver a situação?
Somente em 2010 a situação foi normalizada. Tivemos de recorrer à grande mídia expondo o descaso da Prefeitura e todos os abusos sofridos pelos munícipes. Muitos funcionários estavam com os salários atrasados e uma nova administração, após a exposição nacional, nos apresentou uma proposta que solucionaria os débitos, dividindo os trabalhadores em três grupos. Foi nessa época que tive meu primeiro contato com a Federação, que de cara, nos apoiou para conseguirmos uma negociação digna e uma solução precisa para esta grande crise.
6) Quais os resultados dessa crise para a entidade?
Nós com certeza crescemos muito após essa crise. O funcionalismo passou a nos reconhecer como verdadeiros representantes de suas necessidades e como defensores da justiça. Toda a repressão feita pelo gestor foi desacreditada e ficou claro que pulso forte e poder de ação, nós também tínhamos, e não íamos nos curvar diante de tantos abusos. Nossa lista de filiados aumentou bastante depois de tudo isso.
7) Você acredita que foi discriminada no sindicalismo por existirem poucas mulheres nos cargos de poder da época?
Acredito sim. A princípio o Servidor não conseguia acreditar que uma mulher teria o pulso firme e a força necessária para articular e lutar com as autoridades, de igual para igual. Já no princípio dessa crise que citei anteriormente, demonstrei que era totalmente inversa a situação. Ergui as mangas, fui às bases, realizei inúmeras analises com os Servidores, fui detalhista e após reunir informações sobre o que os trabalhadores realmente precisavam, me pus à frente da batalha. Não me rebaixei a ninguém e não cedi enquanto não consegui um acordo aceitável e digno para todos. Vencemos! Isso fez com que a credibilidade da entidade e até a minha, fosse ressaltada. Hoje me orgulho muito da confiança que a classe deposita em nossos trabalhos.
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| Reforçando a comunicação e a união com os companheiros, Maria comparece aos eventos da Fesspmesp |
8) Entre todos esses desafios, qual a principal vitória?
Além dessa confiança e de ganhos judiciais, não posso ignorar o quanto passamos a ser levados a sério também pelos administradores. Acredito que nossa principal vitória se resume ao poder de negociação e a voz que nos devolveram, após nos impormos como representantes do coletivo. Hoje conseguimos realizar diversos encontros com os responsáveis pela Prefeitura e aos poucos vamos conquistando avanços para a categoria. Isso para mim, que comecei carreira lidando com represálias e afrontas constantes, é um avanço memorável.
9) O que te motiva a permanecer na luta em prol do funcionalismo?
Sou motivada por cada melhoria que conquisto. É extremamente gratificante se sentir agente de transformações benéficas. Eu entendo que o Sindicato é o Servidor e realizo minhas ações diárias em função disso. Para você ter uma ideia, dificilmente as pessoas me encontram na sede da entidade, atrás de papeladas ou esperando o serviço me procurar, porque eu acredito que é junto às bases e aos trabalhadores que vou reconhecer as reais necessidades da categoria. Depois dessa rotina, é claro, que viabilizo o que for preciso na sede e não fujo às responsabilidades. Acredito que um dirigente não pode representar a ninguém sem estar a par e até vivenciar um pouco da rotina dos trabalhadores. Essa sou eu na luta pelo trabalhador: mais uma trabalhadora que gosta do que faz. Isso me motiva e não me vejo fazendo outra coisa.
10) Quanto a Prefeitura, os Servidores estão satisfeitos com a Administração?
Durante as visitas de base, dá para ver que o descontentamento é geral. Há pouco tempo, nós precisamos ser pontuais para evitar que um novo projeto de lei que desvalorizava o Servidor entrasse em vigor. Nosso prefeito sempre dá um jeito de barrar os aumentos salariais, mas nossa equipe dá um jeito de negociar e ao menos conquistar outros benefícios. Como exemplo, conseguimos aumentar o auxílio alimentação de R$ 150,00 para R$ 300,00. Nossa relação ainda é complicada, mas aos poucos vamos avançando, por meio de muito diálogo.
11) Diante dessa turbulenta rotina, como fica a convivência familiar? Sobra tempo?
Sempre damos um jeitinho. Eu conto com o apoio incondicional dos meus filhos e vejo o quanto minha batalha diária reflete na educação deles. Eles conseguem reconhecer em mim a paixão e a dedicação para uma causa justa e, por isso, me incentivam a permanecer fazendo o que é certo. É muito bom ver o quanto minha família se orgulha de mim e faz de tudo para participar dessa constante busca por um bem maior, sem individualismos.
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| Maria Regina Leite articula encontro entre o presidente Aires e dirigentes da região a fim de ampliar ações |
Depoimento
Agradeço aos parceiros das cidades vizinhas e a todos os membros da Fesspmesp que tanto nos auxiliaram durante esses anos. Porém minha gratidão maior é pelo Servidor que nos elegeu como intermediadores e representantes da categoria. Meu serviço resume-se a refletir os interesses dos trabalhadores e garanto que vou continuar fazendo por merecer toda essa confiança.
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