Neste mês de março dedicamos o espaço Fesspmesp Entrevista para as mulheres da nossa Federação. Elas que são parte indispensável na luta permanente em prol do Servidor merecem ser reconhecidas. Começamos com Claudete de Oliveira, de Itirapina (leia na íntegra), e hoje, dia 10 de março, trazemos a história de luta da companheira Elisabete Spinelli, que nos contou sobre seu trabalho de mais de oito anos no meio sindical.
Elisabete Spinelli tem 53 anos e é presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Espírito Santo do Pinhal e Santo Antonio do Jardim. A companheira tem três filhos, que são o orgulho e grande motivação para vencer os desafios proporcionados pela vida. Em um bate-papo com nossa equipe, ela revela suas aspirações e divide conosco um pouco de sua história.
1) O que motivou a sua entrada no meio sindical?
Sou filha de sindicalista. Meu pai Getúlio Spinelli foi o fundador do Sindicato dos Metalúrgicos de nossa cidade. Como funcionária pública municipal eu estava descontente com a política praticada pelo Sindicato, porque favorecia a administração e deixava o trabalhador à deriva, sem contar com a má administração das gestões anteriores.
Acredito que os dois fatores me motivaram a sair da zona de conforto e assumir uma entidade até então falida, tanto na área financeira como na sua política de proteção ao trabalhador.
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Já são mais de oito anos como militante
sindical. A luta é árdua, mas ela não desiste |
2) Nos conte sobre o trabalho de reconstrução do Sindicato dos Servidores de Espírito Santo?
Foi árduo. Eu e a diretoria não descansamos até reerguer o Sindicato. Lutamos para trazer o Servidor de volta. Conquistar a confiança daqueles que há tanto tempo estavam desamparados não foi fácil, mas mostramos que o trabalho sério pode fazer a diferença.
Hoje, temos a confiança do trabalhador e, mesmo que tenhamos alguns enfretamentos, o reconhecimento de entidade legítima do funcionalismo por parte da administração. Mostramos dia após dia que não estamos só de passagem e lutamos por um serviço público forte com bons salários e benefícios.
3) Quais experiências ficaram mais marcadas?
Primeiramente, tive que aprender muito e continuo aprendendo até hoje. Bastante coisa aconteceu durante esses anos que me ajudaram a amadurecer. Procuro participar, dentro do possivel, dos compromissos junto à Federação. Mas uma experiência que posso passar para meus colegas é saber ouvir todas as partes envolvidas, saber ponderar para depois agir.
Nestes anos vi que a voz da razão pode não estar apenas do seu lado e, por isso, é preciso reconhecer erros e, desse modo, encontrar soluções. Isso vale não só para vida pessoal, mas profissional e dentro do nosso meio. O aprendizado é contínuo e a partir disso é possível construir fortes elos.
4) O Sindicato aumentou sua base. Conte pra nós um pouco sobre o novo desafio.
Estendemos nossa base para a cidede vizinha de Santo Antonio do Jardim em 2009. Por motivos financeiros não estávamos atuando efetivamente naquela cidade. No final do ano passado, após varias negociações, ganhamos um espaço na Câmara para começar nossas atividades.
Por se tratar de uma cidade pequena, impera ali o coronelismo. Sinto que os Servidores têm medo de nos procurar. E os que nos procuram é porque não suportam mais os desmandos. Estamos fazendo um trabalho de conscientização e até aqui o resultado tem sido positivo.
5) As mulheres têm aumentado muito sua participação na política. Por quê demorou tanto?
Hoje, as mulheres representam aproximadamente 52% da população brasileira e atuam em todas as esferas da sociedade. Isso não acontecia antigamente por conta de práticas patriarcais seculares enraizadas nas relações sociais e nas diversas institucionalidades do Estado.
Hoje em dia, temos participação efetiva na sociedade e temos tido alguns avanços com movimentos feministas e sociais para reverem lógicas desiguais presentes há séculos em nossa sociedade.
6) O cenário político atual no País é de intensa desconfiança. Qual a sua avaliação?
A maioria das pessoas tem a péssima mania de generalizar: se há um político corrupto, logo acham que todos os demais são corruptos ou corruptíveis. Não devemos fazer disso uma regra geral. Do mesmo modo que existem entidades sérias existem aquelas que não são. Acredito que só o tempo e as atitudes vão atestar a idoneidade. Por isso, procuro agir de maneira clara e transparente. |