Devemos pôr fim a saúva*

Devemos pôr fim a saúva*

Há quase dois séculos, o Botânico francês August de Saint’Hilaire (1779-1853) realizava estudos no território brasileiro, à época do Brasil Colônia. O estudioso pertenceu aos primeiros grupos de cientistas vindos da Europa e foi autor da célebre frase: “Ou o Brasil acaba com as saúvas ou as saúvas acabam com o Brasil”. A previsão futurística e perspicaz nos remete aos dias atuais e, de forma simbólica, retrata a atual conjuntura do sistema político ao qual a corrupção está impregnada no País.

A praga “saúva”, como pequeno inseto se alimenta de recursos destinados à saúde, provoca escassez no atendimento à população, amplia doenças simples e graves, interfere na compra de medicamentos, elimina recursos para a educação, refletindo no aumento do analfabetismo, contribui para a falência das universidades e é uma das principais causas da precariedade do ensino básico na rede pública. E não para por aí. Na segurança, a “saúva” se alimenta dos recursos necessários para o combate das organizações criminosas, que reflete nos números de assassinatos (60 mil/ano).

A “saúva” é insaciável. Alimenta-se ainda dos recursos necessários para serem investidos nas áreas de segurança nacional, infraestrutura e outros. A praga sorrateira, que muitas vezes age calada e às escondidas, consome o trabalho, a esperança e os sonhos de nossa Nação. O combate a “saúva” deve ser permanente em todos os seus ninhos, nos municípios, nos estados e em nível federal. Cabe a nós, cidadãos de bem, que temos as armas adequadas para este combate, mantermo-nos vigilantes, fiscalizar, denunciar e agora neste ano expurgar este mal avassalador através das urnas.

Nossa atitude no dia a dia será fundamental para contribuir no processo de eliminação desta “cultura” maléfica. A “saúva” deve ser arrancada de toda a sociedade e, como predestinou August de Saint’Hilaire, nós brasileiros devemos sim acabar com as “saúvas” antes que elas acabem com o Brasil.

*Saúva é designação comum às formigas, especialmente as do gênero Atta, da família dos formicídeos. São cerca de duzentas espécies (caçapó, caiapó, maniuara, etc), nativas do Novo Mundo e abundantes na região neotropical. Elas cortam pedaços de folhas, que carregam para os ninhos a fim de criar os fungos que constituem o seu alimento exclusivo. É uma das maiores pragas agrícolas no Brasil.

 

Aires Ribeiro

Presidente da Fesspmesp

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