ENTREVISTA – Clícia Mara, de Itaquaquecetuba: “A resposta do povo será dada nas urnas”

ENTREVISTA – Clícia Mara, de Itaquaquecetuba:  “A resposta do povo será dada nas urnas”

O funcionalismo de todo o Pais sofre com os desmandos arquitetados pelo Governo e chegam às cidades por meio de projetos maldosos que cortam benefícios dos Servidores. O momento é difícil,
mas encontramos esperanças em dirigentes engajados com o setor público, como a Clícia Mara Silva Damaceno, que é presidente do Sinseri (Sindicato dos Servidores de Itaquaquecetuba).

Formada em Magistério e posteriormente em Direito, é Servidora da Educação de Itaquá há 25 anos. Desde 2009 participa do quadro de dirigentes, mas em 2013 assumiu a liderança e melhorou a estrutura de trabalho e ampliou as ações em prol dos Servidores. No momento, atravessa uma fase de ruptura por parte da Administração, mas acredita que o diálogo irá prevalecer para o bem da categoria.

CONFIRA ABAIXO A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA COM A CLÍCIA MARA

 

1) Como você avalia o momento atual do Sinseri e do funcionalismo municipal de todo o País?
Esse ano, não foi um dos melhores. Passamos por algumas dificuldades e enfrentamos situações que poderiam ser evitadas por meio do diálogo. Começamos o ano com bons sinais de negociações e quando pensamos que a coisa ia fluir a Administração Municipal simplesmente retrocedeu, e questionou nossa legitimidade. Assim tem sido a rotina de muitos Sindicatos paulistas, com lutas permanentes.

2) Quais dificuldades enfrenta em Itaquá atualmente?

A Prefeitura cortou repentinamente o diálogo e passou
a dificultar o trabalho do Sinseri, literalmente fechou
as portas. Vencemos diariamente barreiras para tentar avançar nas demandas da categoria. Já protocolamos vários ofícios para solicitar reuniões, mas até o momento nada de respostas. Mesmo nessa altura do ano, esperamos que a Administração abra essas portas e volte a debater os interesses do Servidor.

3) A quem você acha que essa postura
intransigente da Prefeitura mais prejudica?

Sem dúvida nenhuma posso dizer que o Servidor é o mais afetado. Estamos com os salários defasados e a estrutura de trabalho totalmente precarizada. O custo de vida cresce e as contas aumentam, mas o trabalhador é obrigado a aguentar desculpas e pirraças da Prefeitura, as quais não fazem sentido. Ela precisa agir com transparência e profissionalismo, pois não podemos andar para trás e ainda perder nossos direitos.

 

4) Vocês tiveram uma luta recente na Educação. Conte como foi.
Um projeto de lei mal-intencionado e esclarecido, de autoria do Executivo, foi votado na calada da noite sem a participação do Sinseri e conhecimento dos Educadores. O objetivo era alterar o formato da aplicação das jornadas da Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) e Hora de Trabalho Pedagógico Livre (HTPL), com impactos financeiros negativos que variavam de R$ 500,00 a 1.000,00.

Fomos para cima e organizamos uma mobilização jamais vista pelos Educadores na cidade. Contamos com o apoio da Federação e diversas lideranças sindicais da região. Milhares de Servidores lotaram a frente da Prefeitura a fim de repudiar a medida. Lá, ao ver a força da categoria, o prefeito chamou uma Comissão formada pelo Sindicato para dialogar. Na ocasião, conseguimos derrubar a matéria arbitrária.

5) Você acredita que o sindicalismo pode reverter a situação política do País?
Sim, com certeza! O Sindicalismo ainda é muito forte no País e o Governo sabe muito bem disso. Por isso eles tentam minar, desarticular e tirar esse poder das entidades, mas não vão conseguir. Eles só estão dando mais força e munição para que os Sindicatos se fortaleçam e se reinventem. Por outro lado o movimento sindical está unido e organizado, pronto para agir estrategicamente na hora certa.

6) Como a Federação pode ajudar os Sindicatos na luta contra governantes arbitrários?
A Federação é o pilar, é quem dá estrutura e apoio aos Sindicatos. Está sempre atenta para nos acolher e ajudar contra governantes que pensam ter o poder de fazer qualquer coisa. Como possui pessoal qualificado, a Fesspmesp nos socorre de maneira eficaz. Mostra que não estamos sozinhos
e é de fundamental importância para unir o setor público nesse período de vários ataques.

7) Na sua opinião, qual é a saída para a reorganização política no Brasil? 
A melhor maneira de demonstrar o poder do povo e reconstruir o Brasil é dar a resposta nas urnas. O voto é a principal ferramenta democrática que pode mudar os rumos da nação. A população precisa acordar e nas próximas eleições protagonizar a mudança. O povo não aguenta mais pagar as mordomias de deputados, senadores, ministros, enfim, de todos que são pagos para cuidar de nós, mas não estão nem aí, pelo contrário, acabam denegrindo o nosso País e pisando no trabalhador.

8) Por que os Servidores devem confiar e apoiar seus Sindicatos?
A entidade de classe de sua categoria, os Sindicatos, têm o poder e legitimidade de assegurar as melhores negociações e defesa dos interesses do trabalhador. É a única instituição que realmente está ao lado do funcionalismo nos momentos de aflição. Lutar juntos só fortalece mais as conquistas. Estamos aptos e estruturados para defender o Servidor. Podemos protagonizar grandes mudanças.

9) O engajamento do dirigente e comprometimento com a categoria faz a diferença?
Faz muita diferença. Um diretor engajado, participativo e atuante na base, envolvido com a unidade das demais entidades nos eventos sindicais, pode afinar uma relação muito combativa, atrelada à força da categoria. O comprometimento com o trabalho também agrega sensação de confiança para o Servidor. Buscamos capacitação permanente e debatemos estratégias para avançar com o sempre.

10) Que mensagem de motivação pode deixar para os demais dirigentes?
Perseverar e nunca desistir, lutar e nem sempre vencer. Trabalhar sem medir esforços, construir e consolidar. Esses são os segredos para acordar toda manhã e ainda se sentir motivado para a maratona de desafios. Sabemos que muitas famílias dependem da nossa atuação para obterem melhor qualidade de vida e assegurar um futuro mais confortável. Nada melhor que viver um dia de cada vez.

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